As poças d’água
Vai passar, penso que vai,
O mal estar do passante e o rosto triste do restante,
A angustia no trabalho e o arrocho no salário,
Vai passar o desgoverno penso que vai,
Só preciso esperar no ponto do ônibus,
Dando um belo passeio ou pensando no trabalho,
ou quem sabe
escutando o zé ramalho.
Só preciso de tempo para tudo melhorar,
a imagem na tevê, canal aqui ou acolá ,
Um toque aqui, um
toque lá, a notícia que eu desejo,
Para eles é só falar.
De repente uma poça d’agua,
O caminho vem molhar.
Agua parada no asfalto solitária, fendida,
Parou ali por indolência ou acidente,
Deixada para traz na avenida,
Sua força esquecida,
Lembram com saudade as cachoeiras da vida,
Sua força sua vontade na torrente defendida,
Agua por todo lado.
Abrindo nas fendas caminhos,
fácil a conquista com
toda agua reunida.
Vai passar penso que vai.
Um carro na poça e respingos no ar,
Agua para cima o mais que consegue,
É ser refresco da rua.
Pisada, batida, ainda mais toda nua.
Enfim chove e as poças se unem,
Enxurradas correm, bueiro rugem engolfados,
Das ruas para as avenidas um mar de aguas.
É a força das poças, das gotas
Que reunidas, forçam o caminho,
Na união das poças, a força das aguas,
Pela frente
Cachoeiras, rios, lagos e o mar
Moinhos, turbinas, energia,
irrigação,
Remansos plácidos também
se tornam,
Poças a espera reunidas,
De nova chuva, em
turbilhão
Que as liberta da prisão.
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